terça-feira, 20 de julho de 2010

Entre o ser e estar

- Sabe o que mais me incomoda ao estudar uma língua?
- Ahm.
- O fato de algumas, mesmo tão bonitas de serem faladas, não fazerem o básico.
- Qual seria esse básico?
- Diferenciar o verbo ser do estar.
- É verdade. A própria língua parece se esquecer de quem está usando a fala.
- Isso! Esquece a turbulência que é o ser humano.
- Por isso é inaceitável, como no francês, o verbo ser ter a mesma palavra para designar o estar.
- É! No inglês também. Pecam por aí. Como pode não diferenciar o estado do ser humano mais claramente!?
- Nunca deixa claro se a pessoa é ou está.
- Vai ver porque os seres humanos são tão enigmáticos, não?
- Pode ser que as próprias línguas não queiram revelar esses sentimentos e estados do homem tão claramente.
- É verdade! Está aí um caminho! Interessante isso! A própria palavra traz em si o mistério que é o ser humano.
- É...! E você é ou está?
- No português, prefiro estar, mesmo sendo. Nas outras, ser e estar.

4 comentários:

  1. As línguas representam, de certa forma, a estrutura do pensamento da cultura, às vezes viajo nisso. Nem todos os povos têm tão clara essa diferença entre ser e estar como coisas tão diferentes quanto nós, falantes de português. Assim como nós temos que determinar gênero para tudo, mesmo seres e coisas que não têm sexo ou gênero. Não é muito doido mesa ser feminino? Ou computador ser masculino? Como assim?!

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  2. Deve ser por isso que eles parecem mais objetivos.
    Enquanto a gente imagina o que é, o que está... eles tomam logo uma decisão pragmática, do tipo "eu sou o que estou" e/ou "estou o que sou", e bola para frente.

    Nunca fariam a bossa nova... rsrs

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  3. entendo bem da questão "ser star".
    nasci assim.

    muito bom o texto!
    beijo

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  4. Bom isso,
    "A própria palavra traz em si o mistério que é o ser humano"

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