A reza não esbarrava.
Uma hora o Dito chamou Miguilim, queria ficar com Miguilim sozinho. Quase que
ele não podia mais falar. – “Miguilim, e você não contou a estória da Cuca
Pingo-de-Ouro...” “ – Mas eu não posso, Dito, mesmo não posso! Eu gosto demais
dela, estes dias todos...” Como é que podia inventar a estória? Miguilim
soluçava. – “Faz mal não, Miguilim, mesmo ceguinha mesmo, ela há de me
reconhecer...” “ – No céu, Dito? No céu?!” – e Miguilim desengolia da garganta
um desespero. – “Chora não, Miguilim, de quem eu gosto mais, junto com mãe, é
de você...” E o Dito não conseguia mais falar direito, os dentes dele teimavam
em ficar encostados, a boca mal abria, mas mesmo assim ele forcejou e disse
tudo: - “Miguilim, Miguilim, vou ensinar o que agorinha eu sei, demais: é que a
gente pode ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim que acontece
acontecendo. A gente deve de poder ficar então mais alegre, mais alegre, por
dentro!...” E o Dito quis rir para Miguilim. Mas Miguilim chorava aos gritos,
sufocava, os outros vieram, puxaram Miguilim de lá.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
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