quarta-feira, 1 de maio de 2013

Cientistas tentam explicar o choro do meu avô


Por que choramos? Em recente matéria publicada pelo The Guardian, alguns pesquisadores tentam explicar o fato de, por exemplo, meu avô ter se derretido em lágrimas quando Ronaldo Fenômeno ganhou o prêmio de melhor do mundo em 1996. Era verão e estávamos, eu e ele, na sala da casa de minha mãe em Marataízes, eu tinha 11 anos e a gente tinha acabado de dar uma volta para tomar um Guaraná. Eu, guri, fiquei surpreso quando reparei que dos olhos do meu avô saiam lágrimas quando anunciaram o nome do brasileiro. Fiquei espantado. “Como pode chorar por alguém tão distante?”, pensei. No livro “Why Only Humans Weep”(Por que só os Humanos Choram), que ilustra a reportagem, há algumas tentativas para explicar o motivo do choro do meu avô. Apresentam exemplos da evolução do estudo do choro: desde os macacos aquáticos que precisavam se adaptar à água salgada; a necessidade de se comunicar entre os pares em situação de perigo sem realizar ruídos que pudessem chamar atenção dos predadores; a lágrima como importância social; a impotência da infância, quando somos mais vulneráveis; e o fato de, apesar de quase todos os mamíferos chorarem, apenas os seres humanos manifestam essa reação na fase adulta. Taí meu avô que não deixa os cientistas mentirem. A matéria termina com uma constatação realmente esclarecedora. Os seres humanos preferem chorar na presença de outra pessoa. "Tears are less important when you are alone because there is no one to witness them" (“As lágrimas são menos importantes quando você está sozinho porque não há ninguém para testemunhá-las”), afirma o pesquisador Ad Vingerhoets. Não há vergonha no choro. Muito mais do que uma questão de parentesco, entendo perfeitamente o por quê sou neto de meu avô.

A CartaCapital traduziu a reportagem em uma recente edição.